Entendemos que a Educação Integral só ocasiona a equidade a partir do momento que reconhece o direito de todos e todas de aprender e acessar oportunidades educativas diferenciadas e diversificadas com a interação das múltiplas linguagens, recursos, espaços, saberes para enfrentar as desigualdades educacionais.
Segundo a BNCC (Brasil, 2017, p. 14), a educação básica, comprometida com a educação integral, tem como propósito a formação e o desenvolvimento global dos estudantes, compreendendo “a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva”.
Reconhecemos que para um desenvolvimento integral na infância e na adolescência, torna-se necessário que os estudantes tenham acesso a espaços lúdicos e sejam estimulados à convivência e à interação com diversificadas manifestações artístico-culturais como música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura.
A tolerância, a empatia e o respeito, que fazem parte da experiência com essas diferentes manifestações artístico-culturais, também ensinam as crianças e os jovens a se respeitarem enquanto indivíduos e a acolherem suas próprias características com gentileza. Esse aprendizado contribui diretamente para a construção da identidade e da autoestima das crianças e jovens, evitando que cresçam reproduzindo diferentes tipos de preconceito.
Por isso, para construirmos uma sociedade alicerçada no respeito, na ética, na tolerância, envolvidos no desejo constante de conviver em harmonia, precisamos possibilitar às crianças e aos jovens experiências culturais, o que viabilizará uma rede de conhecimentos que os acompanhará por toda a vida, sendo necessários em situações pessoais e profissionais.
Conhecer a própria história e a de outros povos possibilita a compreensão do outro, numa dimensão humana, e proporciona ampliação do olhar sobre o mundo, estimulando o pensamento crítico, baseado em conhecimentos reais.
Com isso, destacamos que educar integralmente perpassa por várias dimensões da formação (cognitiva, afetiva, cultural, social, ética, política), possibilitando que os estudantes vislumbrem em suas regiões/cidades os espaços educativos (praça, igreja, museu etc.) que até então passavam despercebidos aos olhos do educador.
Essa possibilidade vai ao encontro da proposta de uma sociedade democrática, equitativa e plural, que só pode ser construída por uma educação integral.
Agora, deixo para cada leitor, em um conceito infinitamente integral, uma sugestiva provocação, utilizando-me de um pequeno texto extraído do DVD “O direito de Aprender”, produção da Associação Cidade Escola Aprendiz, em parceria com a UNICEF.
“Era uma vez uma cidade que não possuía uma comunidade, que possuía uma escola. Mas os muros dessa escola eram fechados a essa comunidade. De repente, caíram-se os muros e não se sabia mais onde terminava a escola, onde começava a comunidade. E a cidade passou a ser uma grande aventura do conhecimento”.
E agora, caros leitores que acreditam na Educação, mobilizem espaços escolares com “muros” que levem os diálogos e as reflexões.
Cristianny Portela é autora de materiais didáticos, consultora de projetos educacionais e palestrante.
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