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Mitos e verdades sobre o Atendimento Educacional Especializado
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é um direito garantido por lei e se consolidou como um dos pilares da Educação Inclusiva no Brasil. Ele tem como objetivo complementar e/ou suplementar o ensino dos estudantes público-alvo da Educação Especial, oferecendo recursos e estratégias que quebram barreiras para a aprendizagem e ampliam a participação.
No entanto, mesmo com sua relevância, o AEE ainda é alvo de dúvidas e interpretações equivocadas. Muitas vezes, famílias, educadores e até gestores acabam reproduzindo informações incorretas, o que compromete o entendimento sobre sua real função.
Por isso, neste artigo vamos esclarecer os principais mitos e verdades sobre o AEE, desconstruindo falas equivocadas e reforçando o verdadeiro propósito desse atendimento tão essencial.
O que é o AEE?
Antes de entrar nos mitos e verdades, é fundamental compreender o que é o AEE. Esse atendimento não substitui o ensino regular. Pelo contrário, ele atua de forma pedagógica e deve ser oferecido, preferencialmente, dentro da escola comum, seja em salas de recursos multifuncionais, seja por meio de outros apoios especializados.
Assim, o AEE desempenha o papel de eliminar barreiras que dificultam a aprendizagem, garantindo acessibilidade e promovendo autonomia. Ele se destina a estudantes neurodiversos, com transtornos globais do desenvolvimento e também àqueles com altas habilidades/superdotação.
Mitos e verdades sobre o AEE
“Todo aluno neurodivergente precisa, obrigatoriamente, do AEE.”
Mito. O AEE deve estar disponível para quem precisa, mas não é obrigatório para todos. Se a criança já consegue aprender, participar e se desenvolver plenamente no ensino regular, o atendimento não é necessário.
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“O AEE serve apenas para reforçar conteúdos da sala de aula.”
Mito. Essa é uma das confusões mais comuns. O AEE não é reforço escolar. Em vez de repetir conteúdos, ele oferece recursos, estratégias e adaptações que permitem ao aluno aprender de acordo com suas necessidades.
“O professor de AEE substitui o professor da sala comum.”
Mito. A escolarização é responsabilidade do professor regente. O profissional de AEE atua de maneira colaborativa e complementar, criando condições para que todos os alunos aprendam.
“O Atendimento Educacional Especializado deve ser oferecido no contraturno escolar.”
Verdade. Sempre que possível, o atendimento acontece no turno oposto às aulas regulares. Dessa forma, evita conflitos de horário e favorece a articulação entre os dois atendimentos.
“O AEE só acontece em escolas especiais.”
Mito. O AEE deve ser oferecido, prioritariamente, nas escolas regulares. A ideia central é incluir, e não segregar. Escolas ou centros especializados podem colaborar, mas o foco é a vivência no cotidiano escolar junto aos colegas.
“Professores comuns não podem trabalhar com alunos público-alvo da Educação Especial sem formação específica.”
Mito. O professor da sala regular não precisa ser especialista para ensinar. Ele deve contar com apoio, receber formação continuada e trabalhar em parceria com o professor de AEE, construindo práticas acessíveis.
“Atende alunos com altas habilidades ou superdotação.”
Verdade. Além de estudantes com neurodivergências ou transtornos globais do desenvolvimento, o AEE apoia alunos com altas habilidades/superdotação, oferecendo desafios, estímulos e recursos adequados.
“O Atendimento Educacional Especializado é opcional para a escola.”
Mito. A oferta do AEE é obrigatória. Tanto redes públicas quanto privadas precisam disponibilizar o atendimento, sem cobrança adicional, para os alunos que necessitam.
“Pode ser feito por qualquer profissional da saúde.”
Mito. Embora profissionais da saúde possam colaborar, o Atendimento Educacional Especializado é um serviço pedagógico. Por isso, deve ser conduzido por professores especializados em Educação Especial.
“A avaliação escolar dos alunos do AEE é feita pelo professor especializado.”
Mito. A avaliação permanece sob responsabilidade do professor da sala regular. O professor pode orientar e colaborar, mas não substitui o papel do regente.
Por que os mitos ainda persistem?
Apesar dos avanços legais e pedagógicos, muitos mitos ainda sobrevivem. Isso ocorre, principalmente, porque falta informação clara. Além disso, questões estruturais como a ausência de salas de recursos, a escassez de professores especializados e a pouca formação dos educadores acabam reforçando práticas ultrapassadas.
Outro motivo é a visão ultrapassada que coloca a neurodivergência como um problema individual. Na verdade, o que dificulta a aprendizagem e a inclusão são as barreiras do ambiente escolar e social.
O verdadeiro propósito
Ao desconstruirmos esses mitos, conseguimos enxergar o AEE pelo que ele realmente é:
Um serviço que remove barreiras e assegura a participação plena dos alunos.
Um atendimento que complementa o ensino regular, mas nunca o substitui.
Um espaço para promover acessibilidade, autonomia e inclusão.
Um direito garantido em lei, que as redes de ensino devem respeitar e oferecer.
Portanto, é muito mais do que um apoio extra ou uma aula paralela. Ele se apresenta como uma estratégia essencial para a construção de uma escola inclusiva, que valoriza a diversidade e garante oportunidades de aprendizagem para todos.
Ao conhecer e, principalmente, combater os mitos que ainda circulam, damos um passo importante para fortalecer a Educação Inclusiva. Além disso, reconhecemos e valorizamos o papel dos profissionais que se dedicam a tornar a escola um verdadeiro espaço de convivência, respeito e aprendizagem para cada estudante.
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